domingo, 13 de dezembro de 2009

Agora eu tenho 2º grau completo, e já pertenço às estatísticas de pessoas desempregadas :)


“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa)


Após contarmos os dias ansiosamente, e falarmos “o fim está próximo”, enfim ele chegou. Quinta-feira estávamos no colégio para comemorarmos a nossa formatura. Não, formatura não, perguntaram há pouco tempo “ Por que formatura? Em que vocês estão se formando?”. Então, a pedidos, estávamos lá na cerimônia de conclusão do ensino médio.
Foi um ano muito difícil, onde foi necessário superarmos as angústias e os medos para que conseguíssemos chegar aqui. Foram renúncias, festas que deixamos de ir, horas que deixamos de sair, sábados fazendo provas, nos quais poderíamos estar na praia tomando sol, mas, nos permitam o clichê, no final tudo valeu à pena. Nós amadurecemos e mudamos muito, não só fisicamente, afinal, apesar da “síndrome de Peter Pan” inerente a muitos, chegou a hora de virarmos adultos e de arcarmos com nossas responsabilidades.
Não chegamos a esse amadurecimento sozinhos, precisamos de comandantes, marinheiros, pois ao longo da nossa vida escolar fomos como barcos, dependentes de comandos para seguirmos direções. Nossos marinheiros nos ensinaram suas respectivas matérias com primor, nos mostraram que o conhecimento nunca é excessivo, pois no futuro, ainda que levem todo o nosso dinheiro e bens materiais, há uma coisa que jamais poderão retirar de nós: nossa sabedoria e inteligência. Alem disso, aprendemos que riscar paredes é coisa de gente da pré-história, afinal papel já foi inventado. Aprendemos que os discursos não são neutros, pois existem implícitos em todas as falas. Todas não, pois o redator cometerá um grande erro se generalizar, então, há implícitos em quase todas as falas. Aprendemos também que a vida não é fácil, que a vida é dura, e se quisermos moleza, sentemos no pudim.
E após tantos ensinamentos, agora, nós, barcos, temos a necessidade de continuarmos navegando na correnteza, mas agora sozinhos, sem nossos marinheiros nos guiando, apenas seguindo o caminho que nos foi mostrado.
Parte do que nos tornamos também é responsabilidade das nossas famílias. Pessoas que conviveram com a nossa aflição, com o nosso discurso exaurido: não aguento mais escola, estou cansado dessa rotina. E mesmo com tudo isso, foram pacientes, compreensivos, e nos deram todo apoio em nossa vida escolar.
Ao longo desse tempo em que fomos colegas, aprendemos muitas coisas, que talvez até agora não tivéssemos dado a devida atenção. Foi muito tempo de convivência, muitos de nós passaram um período maior aqui do que em nossas próprias casas. Permanecerão por toda a nossa vida todos os momentos que vivemos nessa instituição. Histórias, sorrisos, gritos, abraços, beijos e rostos que jamais serão esquecidos. Não diremos que tudo sempre foi "numa boa", e que todos se amavam. Não é verdade. Muitos erros cometemos para acertarmos as diferenças. Às vezes brigando foi possível entender certas coisas. Mas lá cultivamos verdadeiras amizades que jamais imaginamos que sentiríamos tanta falta. Aposto que a saudade que sentiremos uns dos outros não será maior que a saudade das noites perdidas da véspera da prova de Física, não é? Poucos sabem o que é passar uma madrugada estudando e outros não têm ideia do que é passar várias madrugadas tomando café e comendo cream cracker.
Brincadeiras a parte, só agora percebemos que esse tempo não voltará jamais. Não veremos mais todos os dias os rostos de nossos colegas dizendo "bom dia". Não haverá mais uma palavra amiga, ou alguma piadinha, quando algumas vezes chegávamos à escola com problemas de casa. Foi tão especial permanecer ali que ainda que fosse possível prolongar o tempo para não chegarmos ao presente momento, ainda assim pareceria que tudo passou com imensa velocidade.
E, com os olhos “abarrotados de lágrimas e a voz embargada de emoção” nós nos despedimos daquele local, que durante muito tempo foi como nossa segunda casa.
Obrigado a todos vocês que farão com que nos lembremos dessa época feliz, um passado feliz, apesar de não nos sentirmos preparados para chamá-la assim, de passado, porque aprendemos a ler, escrever, raciocinar e executar cálculos, mas não aprendemos a sentir saudades.
Sentirei saudades de muitos, em especial aqueles que foram mais próximos de mim, e que me cativaram de algum modo.

2 comentários:

Jaime Sampaio disse...

Com certeza Laís,hehehhe,Fran!!! Aprendemos muito e amadurecemos nosso senso crítico!!! Foi um ano de bastante sacrificio e escolhas importantes!!Mas, apesar de tudo, valeu a pena essa evolução, terminamos uma longa etapa de vida e agora é hora de enfrentar um novo projeto,o nivel Superior!!
Abraços e muito sucesso para vc!!!

Unknown disse...

Que lindo, Fran!
Concordo com tudo.
Nunca mais aquela rotina, as provas, os gritos de Soraia...
Já é uma grande saudade.
Não queria que o tempo apagasse essa memória de mim.
Mas a gente tem de seguir em frente.
E os nossos amigos,esses, com certeza, ficarão.
Beijo!
:-D